História

Primeiro Período

Nos primórdios da modalidade em Portugal, o Ténis de Mesa era designado por Ping Pong. Naturalmente nessa época não existia uma estrutura organizada e a modalidade era sobretudo praticada em colectividades de recreio, escolas, praias e outros lugares de lazer, onde existisse ou se improvisasse uma mesa. Foi sobretudo o entusiasmo dos praticantes que esteve na base de uma adesão cada vez maior que veio a permitir a criação de “núcleos”. Na zona de Lisboa e arredores o Ping Pong ganhou rápida expressão no seio das colectividades, e de entre estas foi o Triângulo Vermelho quem mais se destacou como pólo da prática da modalidade. No entanto, os “núcleos” que se afirmaram mais rapidamente foram os de Cascais e Carnide. Quando chegava a época de veraneio, a Praia das Maças, na zona de Sintra, transformava-se num local de enorme animação, e os torneios sucediam-se. Foi nestes torneios que começaram a aparecer “nomes” que mais tarde viriam a ganhar protagonismo na modalidade, como foi o caso dos irmãos Pereira de Oliveira (Guilherme, Edgar e João) de António Luís Esteves, ou ainda de Calheiros Viegas. No que respeita ao já referido eixo Cascais-Carnide, os praticantes que mais se destacaram nestes tempos de pioneirismo foram: Manuel Peixoto, Joaquim Cardozo e Frederico Farinha, pelo GDS Cascais, e Álvaro de Sousa, Gualdino e Fernando Amaral, pelo Carnide Club. Uns e outros digladiavam-se em emocionantes despiques para gáudio dos muitos espectadores que o Ping Pong começava a arrastar. João Antas, os irmãos Manso e Gerardo Maia, foram outros praticantes que por esta época da pré-história da modalidade no nosso país ganharam alguma notoriedade. Curiosidade interessante, reside no facto de Gerardo Maia se auto intitular Campeão de Portugal, alegadamente por ter defrontado e vencido o Campeão do Norte (?).

A 29 de Janeiro de 1928, o Sport Lisboa e Benfica, realizava o seu primeiro jogo, na modalidade, tendo como adversário, uma equipa da A. E. da Faculdade de Ciências, o resultado cifrou-se numa gorda vitória dos universitários por 14-2. De acordo com o testemunho de Henrique Pinto, figura extremamente eclética, que mais tarde viria a ser o primeiro Presidente da Federação Portuguesa de Badmington, a modalidade era jogada também muito “em cima da mesa da casa de jantar”. Henrique Pinto, que tinha aprendido a jogar com o seu amigo Lomelino, que por sua vez se iniciara no Brasil, decidiu comprar uma mesa que instalou em casa e começou a organizar regularmente Torneios com os amigos.

O primeiro registo conhecido de uma competição organizada data da época de 1927/28: a Taça Gustavo Moreira. Em Dezembro de 1929, Pinto integra a equipa do Grupo Desportivo “Os Treze” e disputa a Taça Simões-Lado, vencendo todos os jogos em que participou. Na sequência do crescimento do entusiasmo pela prática da modalidade, “Os Treze”, empreendem uma espécie de digressão que os leva a Vila Franca de Xira e ao Porto, sempre a vencer todos os jogos que disputam. Seguindo o Ping Pong neste registo na região de Lisboa e arredores, sabe-se que a Norte, o principal pólo da modalidade se encontrava na Associação Cristã da Mocidade, que sob a direcção e organização de Portugal da Mata, promovia o novel desporto de forma bastante empenhada. Fruto da dinamização existente, no ano de 1929, a 18 de Fevereiro, fundava-se aquela que viria a ser a primeira estrutura organizada que a modalidade conheceu no nosso país – a Associação do Porto.

Nos gloriosos tempos do pioneirismo, o Ping Pong caracterizava-se pela utilização de raquetes de madeira, que podiam igualmente ser revestidas de lixa, cortiça ou pano de bilhar. A “borracha”, também designada por “picot anglais”, é introduzida anos mais tarde e veio revolucionar completamente a técnica. Até então, existiam grandes limitações às possibilidades do jogo, em função da reduzida aderência dos materiais utilizados que não permitiam a inclusão dos chamados “efeitos”. O jogo assentava sobretudo na colocação, na regularidade das batidas e na rapidez. Apenas a lixa permitia ainda que forma rudimentar o esboço de alguns movimentos atacantes, por seu lado, quer a cortiça, quer o pano de bilhar, eram os materiais de eleição para o jogo defensivo, uma vez que amorteciam de forma significativa o impacto da bola. O mais destacado utilizador do “pano”, foi Calheiros Viegas que a ele se manteve fiel, mesmo após o advento da “borracha”. Por esta altura e pese embora as
limitações impostas pelos materiais, existiam excelentes praticantes que proporcionavam grandes e emotivos espectáculos que eram apreciados por um público atento e fiel. O aparecimento da “borracha de picos”, ou “picot anglais”, veio contribuir decisivamente para a introdução de grandes alterações no jogo. De facto, a “borracha” revolucionou a técnica em função do aumento de aderência que proporcionava, como consequência directa assistiu-se a um acréscimo significativo da dificuldade de devolução, ao mesmo tempo que permitia maior facilidade de ataque. O jogo transformou-se e tornou-se mais variado, espectacular e atlético.

No que respeita aos praticantes da época, a “borracha de picos” veio colocar novos problemas, uma vez que a técnica requerida para a sua utilização eficaz, era muito diferente da que era necessária anteriormente. Como consequência, alguns foram os que não se conseguindo adaptar à nova realidade, abandonaram a prática ou viram o seu nível baixar. Joaquim Cardozo, foi um dos que melhor se adaptou ao novo material, o que lhe veio a permitir obter o título de Campeão Individual de Lisboa, na época de 1932-33, em representação do Sport Lisboa e Benfica, num Campeonato em que participaram 27 jogadores e onde Cardozo, não perdeu um único encontro. Mas nem todos aderiram à novidade, exemplo disso foram Manuel Peixoto, que continuou a utilizar a sua raquete de madeira polida com assinalável êxito, e Calheiros Viegas, sempre fiel ao seu “pano de bilhar”, que viu até o seu nível de jogo aumentar.

Fruto do entusiasmo reinante, em Maio de 1930, o Grupo Desportivo “Os Treze”, organizou mais um Torneio que reuniu uma serie de clubes, e aí entre os dirigentes dos clubes presentes, começou a germinar a ideia de fundar uma Associação da modalidade. Dando corpo a esta ideia, surgia a 16 de Fevereiro de 1932, a Associação de Ping Pong de Lisboa, fundada por um grupo de oito clubes de Lisboa – Ateneu Comercial de Lisboa, Carnide Clube, Grupo Desportivo “Os Treze”, Grupo Sportivo Adicense, Lisboa Ginásio Clube, Maria Pia Sport Clube, Sport Lisboa e Benfica e Sporting Clube de Portugal. O ano de 1933, ficou assinalado pela disputa do primeiro Benfica – Sporting, que teve lugar a 20 de Dezembro, e terminou com o triunfo dos benfiquistas por 5-2. Por esta época, o já referido entusiasta da modalidade Henrique Pinto, integra a Comissão dos Regulamentos Técnicos da Associação de Ping Pong de Lisboa, e contribui decisivamente para a estruturação da modalidade em Lisboa. É da responsabilidade deste pioneiro, o 1º. Torneio de Pares, na época designado de “doubles”, e neste particular as dificuldades foram tantas que levaram o próprio Henrique Pinto, a “colar papel gomado nas mesas, para fazer as marcações, pois ninguém permitia que fossem pintadas”. Outra das tarefas deste pioneiro, foi convencer os praticantes a utilizar equipamento apropriado, uma vez que na época, se jogava em “mangas de camisa e colarinho apertado, que não poucas vezes era de goma, de colete e até de casaco”.

Entre 6 e 12 de Julho de 1935, a equipa do Sport Lisboa e Benfica que empreendera uma digressão à ilha da Madeira, realizou e venceu quatro encontros no Funchal, naquilo que se crê tenham sido os primeiros embates entre continentais e ilhéus.

Estudioso das leis do jogo, Henrique Pinto, destacou-se como árbitro e foi ele quem desempenhou essas tarefas, nas finais da Taça Fundação e do Campeonato de Lisboa de 1ª. e 2ª. Categorias, bem como nos dois primeiros jogos internacionais que se realizaram em Portugal, em Dezembro de 1935: no dia 7 a equipa do Sport Lisboa e Benfica, constituída por Mário Santos, Ernesto Silva e Manuel Bispo, derrotou copiosamente por 8-1, uma equipa vinda de Madrid, e no dia seguinte, um misto de atletas de Lisboa que integrava Calheiros Viegas e Manuel Peixoto, repetiu a vitória frente aos madrilenos, desta vez por 7-2. Outro nome que conheceu destaque neste período foi João Antas, que realizou com sucesso a transição da madeira para a “borracha”, sem perder eficácia de jogo, tal como faria mais tarde aquando da introdução da “esponja”.

A meio dos anos trinta do século passado, o domínio da modalidade era exercido pelo Académico Sport Clube, que integrava António Esteves, João Pereira de Oliveira e Afonso Gago da Silva, o Benfica, contava com Manuel Peixoto e Joaquim Cardozo, o Sporting, com Mário Barata e Mariano Feio e o Carnide Clube, com Álvaro de Sousa, Gualdino e Fernando Amaral. No Belenenses, pontificava Rómulo Trindade e no Lisboa Ginásio Clube, os protagonistas eram Paula Bastos, Cunha e Silva e os irmãos “Papi” (Américo e Rogério Torres).

O primeiro Porto – Lisboa

A 15 de Julho de 1939, no Palácio de Cristal, no Porto, realizou-se perante um público entusiasta, apaixonado e vibrante, o primeiro Porto – Lisboa, em Selecções. O programa do evento abriu com três jogos preliminares: um de Infantis, um de pares mistos e outro de femininos. Iniciaram a sessão os Infantis Paulo Lopes Araújo (ACM) e Rosinha Guerra Barbosa (Feminino A.C.), com a vitória a pender para o rapaz. O jogo seguinte, colocou frente-a-frente, duas duplas mistas: de um lado, Joaquim Soares (treinador do Feminino A.C.) e Helena de Sousa, e do outro, Afonso Gago da Silva (Selecção de Lisboa) e Dília Costa (Feminino A.C.). O resultado, foi uma vitória dos primeiros, por 2-1. Cumpridos os preliminares, seguiu-se o “prato forte”. Pela Selecção do Porto, foram escolhidos Jorge Meireles, Alcides David, Cândido Rocha e Albano de Sá (suplente) e de Lisboa, viajaram António Esteves, Carlos Feio, José Roowers e Afonso Gago da Silva (suplente). Abriram o encontro, Alcides David (Porto) e António Esteves (Lisboa), com a vitória a pertencer ao lisboeta por 2-0. Na partida seguinte, Cândido Rocha (Porto), não se conseguiu impor a Carlos Feio (Lisboa) e saiu derrotado também por 0-2. Na terceira partida o Porto reduziu para 1-2, com a vitória de Jorge Meireles, diante de José Roowers, também por 2-0. Seguiram-se-lhes Alcides David e Carlos Feio, com nova vitória para Lisboa, por 2-0. Com o resultado em 3-1 favorável a Lisboa, defrontaram-se os dois melhores jogadores de cada equipa, respectivamente, Jorge Meireles e António Esteves, e e após uma partida emocionante, bem disputada e equilibrada, Esteves venceu com dificuldade por 2-1, o que aumentou a vantagem de Lisboa, para 4-1. Mas os locais, longe de se entregarem, atiraram-se com afinco às partidas seguintes e reduziram o resultado para a diferença mínima, depois de vitórias, que levaram o público ao rubro, de Cândido Rocha, diante de Roowers e de Meireles, perante Carlos Feio, em ambos os casos por 2-1. Com o resultado do encontro a apresentar um 4-3, favorável aos homens de Lisboa, seguiu-se a partida entre Alcides David e José Roowers, e o representante de Lisboa não desperdiçou a oportunidade de fixar o resultado final em 5-3, após uma vitória por 2-1.

Por essa altura, o Campeonato de Lisboa era disputado em quatro categorias diferentes e o Académico tornara-se Campeão invicto das quatro. Do plantel do Académico e para dos consagrados já referidos, faziam ainda parte, Calheiros Viegas (na 2ª. categoria) e Carlos Feio (na 4ª.). António Esteves, com a sua raqueta de “borracha de picos”, era considerado como o número um da modalidade. De forte compleição física, Esteves, possuía excelente técnica e apresentava-se como um jogador completo. Na revista desportiva “Stadium”, o jornalista Lança Moreira, mostrava-se rendido a António Esteves e escrevia: “Os seus puxanços de esquerda têm foros de infalibilidade”.

Quem se começava a evidenciar era o jovem Afonso Gago da Silva, que já depois da fundação da Federação Portuguesa de Ténis de Mesa, ocorrida a 27 de Outubro de 1944, se viria a consagrar como o primeiro Campeão Nacional Individual, no ano de 1947.

O domínio do Académico no panorama da modalidade veio no entanto a terminar fruto da extinção do emblema na época de 1937-1938, fruto de dificuldades financeiras inultrapassáveis. O riquíssimo plantel “académico”, viu-se então disperso por outros clubes, o que veio contribuir decisivamente para uma luta mais equilibrada pelos títulos. Esteves ingressou no Matadouro F.C., Calheiros Viegas foi reforçar a equipa do Benfica, e Gago da Silva e Carlos Feio, integraram a equipa do Sporting.

No final dos anos trinta, em Lisboa proliferavam os “salões de jogo” que entre o seu equipamento disponibilizavam mesas que os jovens procuravam com avidez, quer fosse para se iniciarem na modalidade, quer fosse para aperfeiçoarem os conhecimentos que já detinham. “O Xadrez”, o “Pimenta”, “A Desportiva” e o “Picoas”, conheceram destaque pela qualidade dos praticantes que as frequentavam. Nesta última, despontou Humberto Gaspar, que como treinador se guindou aos patamares mais altos, formando no Benfica, sucessivas gerações de grandes mesatenistas com quem trabalhou ao longo dos anos quer na “equipa da luz”, quer na equipa nacional, da qual foi treinador durante décadas. Ao longo da sua carreira, Humberto Gaspar, que marcou indelevelmente a modalidade, teve ainda passagens pelo Ateneu Comercial de Lisboa, G.I.P. Amoreira, Clube Philips e Sporting Clube de Portugal.

 

Segundo Período

 Em 1945, teve lugar o primeiro Campeonato Nacional, e a equipa do Sport Lisboa e Benfica, constituída por Ernesto Silva, Francisco Campas e Oliveira Ramos, defrontou na final, realizada a 4 de Julho, o Académico do Porto, que apresentou, Trem Torres, Meireles e Guimarães. No final do encontro registou-se uma vitória dos benfiquistas, por 5-3, que lhes permitiu sagrarem-se  como primeiros Campeões Nacionais, da história do Ténis de Mesa português.

É neste período que as equipas do Sport Lisboa e Benfica, marcam forte hegemonia na modalidade, conquistando títulos nacionais colectivos em todas as classes, no que são imitados pelo seu rival histórico, o Sporting Clube de Portugal. Dos cento e cinquenta e seis títulos atribuídos neste período, o Sport Lisboa e Benfica, conquistou cinquenta e um, ou seja, 42,1% do total. As equipas do rival sportinguista, obtiveram trinta e um campeonatos nacionais, no mesmo período o que correspondeu a 25,6% do total.

Nesta fase e para além dos referidos Benfica e Sporting, o Ténis de Mesa nacional, foi completamente dominado pelos clubes da Associação de Lisboa, já que no seu conjunto chamaram a si cerca de 87,18% (cento e trinta e seis) dos títulos em disputa. Os restantes vinte, foram divididos entre clubes das associações do Porto (doze), Coimbra (cinco), Santarém (dois) e Leiria (um). Os cento e vinte e um títulos disputados, foram repartidos por trinta e oito clubes diferentes.

Do ponto de vista individual, este período teve naturalmente nos representantes do Sport Lisboa e Benfica, o expoente maior. É nesta fase que emerge o primeiro dos grandes nomes que marca a história da modalidade, Fernando Oliveira Ramos, que ainda hoje permanece como o recordista de títulos de Campeão Nacional de Singulares: oito consecutivos que obteve no período compreendido entre 1949 e 1956. Oliveira Ramos, conquistou ainda três títulos de Campeão Nacional de Pares e quatro de Pares Mistos, o que perfez um total de quinze Campeonatos Nacionais. É igualmente no final deste período que despontam outros dois grandes nomes da modalidade, que vão também eles marcar a história do Ténis de Mesa português do século XX, os seus nomes: José Alvoeiro e Madalena Gentil.

No feminino, a história deste segundo período é dominada por dois nomes: Marília Santamarina, do Sporting e Manuela de Jesus, do Benfica. Ambas conquistaram o título de Campeãs Nacionais de Singulares, por quatro vezes, sendo que a benfiquista foi mesmo a primeira atleta a conquistar o campeonato, no ano de 1951. Em termos absolutos, Marília Santamarina, amealhou catorze Campeonatos Nacionais, uma vez que aos quatro de singulares, juntou mais seis de Pares e  quatro de Pares Mistos. Quanto a Manuela de Jesus, ficou-se pelos dez títulos: os já referidos quatro de Singulares, dois de pares e quatro de Pares Mistos.

 

Terceiro Período: de 1976 a 1999

 Neste período de vinte e quatro anos, assiste-se a uma mudança clara da correlação de forças  desportivas do Ténis de Mesa nacional. O Sporting Clube de Portugal, afirma-se como o clube  número um da modalidade, ao assegurar 15,6% (que corresponderam a trinta e cinco títulos) dos duzentos e vinte e quatro campeonatos disputados. Uma nota importante prende-se com o facto de neste período, nenhum clube conseguir conquistar títulos em todas as classes disputadas, como acontecera no anterior.

São cinquenta os clubes que no decorrer desta fase repartem os títulos, contra os trinta e oito do período anterior. Começam a surgir realidades até então desconhecidas, e disso são exemplo, o aparecimento de dois novos clubes a vencer o Campeonato Nacional de Seniores Masculinos, foram eles o Palmeiras Lisboa Clube (por quatro anos consecutivos) e o Clube de Futebol Estrela da Amadora (por duas vezes, também elas consecutivas). Outro acontecimento que contribuiu de forma decisiva para o quadro de mudança verificada, foi a fundação da Associação de Ténis de Mesa da Madeira, que ocorreu no dia 10 de Março de 1988 e teve em Rafael Gomes, o primeiro Presidente da Direcção.

Após a fundação da Associação da Madeira, os clubes da ilha empreenderam um trabalho notável que os iria conduzir à conquista de trinta e oito títulos colectivos (16,96% do total), cotando a Associação madeirense, como a segunda força no contexto nacional. Os clubes lisboetas continuavam a deter o domínio e nesta fase asseguraram cento e vinte e seis campeonatos nacionais colectivos, correspondentes a 56,25% do total. Por sua vez, os emblemas representantes da Associação do Porto, venciam vinte e nove campeonatos, o que os colocava como terceira potência.

É igualmente neste período que emerge o Clube de Ténis de Mesa de Mirandela como força de expressão nacional, bem expressa em nove títulos nacionais conquistados, o que conferiu à Associação de Bragança, 4,02% do total. Os representantes da Associação de Leiria, também eles venceram nove campeonatos. Para além das associações referidas, mais quatro tiveram clubes campeões nacionais, foram elas Setúbal (sete títulos), Aveiro e Coimbra (um cada) e ainda, Évora (quatro). Estava consumado o alargamento do espectro de repartição dos títulos de Campeão Nacional.

No aspecto individual e no que diz respeito ao sector masculino, este período fica claramente marcado pela confirmação de mais três enormes campeões que se juntaram na galeria dos notáveis, a Oliveira Ramos, foram eles: José Alvoeiro, Pedro Miguel e Ricardo Roberto.

José Alvoeiro, que tinha conquistado em 1974 o primeiro título de Campeão Nacional de Singulares, repetiu o feito por mais seis vezes, juntando-lhe ainda mais treze títulos de Pares e cinco de Pares Mistos, que fazem dele ainda hoje, o atleta mais laureado de sempre, com vinte e cinco campeonatos conquistados. Depois do consulado de José Alvoeiro, foi Pedro Miguel, a assumir-se como segundo “rei da segunda dinastia”. Neste período, Pedro Miguel, sagrou-se por seis vezes Campeão Nacional de Singulares, onze vezes de Pares e seis vezes de Pares Mistos, o que lhe conferiu um total de vinte e três títulos nacionais de Seniores, tendo apenas à frente dele neste particular, José Alvoeiro.

É igualmente neste período que aparece e se afirma de forma categórica, Ricardo Roberto, que consegue alcançar igualmente seis títulos de Campeão Nacional de Singulares, aos quais juntou três de Pares.

Ricardo Roberto, apresenta ainda no seu currículo uma nota importantíssima no contexto do Ténis de Mesa português. De facto, este atleta foi o primeiro a conquistar uma medalha num Campeonato de expressão europeia, em concreto no Campeonato da Europa de Jovens, disputado em Paris no ano de 1994, Ricardo Roberto, obteve a Medalha de Bronze, da prova Singular de Juniores.

No sector feminino ao longo deste terceiro período, Madalena Gentil, conquista os títulos de 1975, 1976 e 1978, que junta aos de 1968, 1973 e 1974. Mais três nomes se destacam pelo número de vitórias alcançadas em Campeonatos Nacionais, são eles: Anabela Fernandes, vencedora em 1981, 1982, 1984 e 1985; Odete Cardoso, que triunfou por cinco vezes – 1983, 1988, 1991, 1994 e 1996; e finalmente, Elsa Henriques, que obtém o tricampeonato, nos anos de 1997, 1998 e 1999.

 

Texto: Carlos Ferreira